Os primeiros anos de vida são decisivos para o desenvolvimento humano. É nesse período que a criança forma suas principais conexões cognitivas, afetivas e sociais.
Investir na educação infantil, portanto, não é apenas uma escolha pedagógica. É uma estratégia fundamental para a construção de um país mais justo, equitativo e preparado para o futuro.
Para educadores, gestores e estudantes da área da educação, compreender o papel da educação infantil vai além da sala de aula.
Trata-se de enxergar esse ciclo como o alicerce de uma sociedade com mais oportunidades, mais inclusão e mais desenvolvimento humano integral.
O impacto da educação infantil no desenvolvimento de um país
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Apesar de todos os avanços nas políticas públicas voltadas à primeira infância, ainda há desafios significativos. Cerca de 1 em cada 5 crianças brasileiras de 0 a 3 anos está fora da educação infantil.
Isso significa que milhões de crianças não estão recebendo os estímulos adequados para o seu pleno desenvolvimento.
Essa realidade afeta principalmente as famílias mais vulneráveis, ampliando desigualdades sociais, raciais e regionais.
A ausência de acesso à creche e à pré-escola compromete não apenas a aprendizagem futura, mas também a possibilidade de inserção das mães no mercado de trabalho, além de sobrecarregar redes de cuidado informais.
O papel das políticas públicas
Atualmente, o Plano Nacional de Educação (PNE) propõe uma meta de atendimento de 60% das crianças em creches até 2034. Essa meta é ambiciosa, mas necessária.
Para alcançá-la, será preciso garantir investimentos consistentes, ampliar a rede física de atendimento, valorizar os profissionais da educação infantil e construir um sistema de acompanhamento que garanta qualidade no atendimento.
Além do PNE, outros instrumentos como a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância e o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada apontam caminhos importantes.
No entanto, sem articulação efetiva entre os entes federativos e um compromisso contínuo com a equidade, esses programas correm o risco de se perder no papel.
Educação com qualidade desde o início
O acesso à educação infantil precisa ser acompanhado de qualidade. É necessário garantir infraestrutura adequada, materiais pedagógicos, formação contínua dos educadores e um currículo que respeite as especificidades da infância.
A educação infantil não pode ser vista apenas como um espaço de guarda, mas como um ambiente intencional de cuidado, brincadeira, aprendizagem e desenvolvimento integral.
Educar na infância exige sensibilidade, planejamento e reconhecimento do direito da criança à educação como sujeito em formação. Para isso, é fundamental investir em avaliações que considerem não apenas aspectos quantitativos, mas também a qualidade das interações, do tempo, do espaço e das práticas pedagógicas.
O compromisso da sociedade
Nenhuma política educacional é bem-sucedida sem o envolvimento da sociedade. Famílias, comunidades, escolas, universidades, gestores e profissionais da educação têm papel central na construção de um país que reconheça a infância como prioridade absoluta.
É preciso fortalecer redes de apoio, mobilizar os territórios e criar políticas intersetoriais que integrem educação, saúde, assistência social e cultura.
A infância é responsabilidade de todos nós. E é por meio do compromisso coletivo que poderemos transformar essa fase da vida em um verdadeiro ponto de partida para mudanças estruturais no Brasil.
Começar pelo começo
Educar desde o início é garantir um futuro mais promissor. A educação infantil, quando respeitada em sua especificidade e tratada como prioridade, tem potencial de mudar trajetórias, romper ciclos de pobreza e promover justiça social.
Portanto, educadores, estudantes, gestores e demais profissionais da área da educação devem seguir atuando como agentes de transformação.
Valorizar a infância é mais do que garantir uma vaga na creche. É reconhecer que, para o país que queremos, é preciso começar pelo começo.
