O fenômeno das apostas online entre adolescentes está crescendo no Brasil, trazendo riscos à saúde emocional, à aprendizagem e à vida social. Este artigo aponta estratégias práticas para educadores prevenirem esse problema e fortalecerem o protagonismo dos jovens.
Sabe aquele alerta que parecem querer ignorar, mas que não dá pra deixar passar? Pois é: as chamadas apostas esportivas online e jogos de azar acessíveis via internet já não são só um problema para adultos — adolescentes também estão cada vez mais expostos. Estudos indicam que jovens de 14 a 17 anos no Brasil estão acessando plataformas ilegais de apostas.
Como educador, fica o dever de alertar: esse cenário pode se transformar em vício, queda no rendimento escolar, prejuízos emocionais e até isolamento. Mas calma — não estamos reféns desse quadro! É possível agir com sensibilidade, estratégia e parceria para proteger o adolescente e fortalecer o ambiente escolar. Vamos juntos entender o que está em jogo, por que ele joga e o que podemos fazer.
Casas de aposta viciam adolescentes – O que está acontecendo?
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Vejamos os principais pontos para compreender a gravidade da questão:
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Acesso precoce e fácil: pesquisas apontam que adolescentes conseguem entrar em sites de apostas mesmo sem verificar idade, o que amplia o risco de dependência.
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Vulnerabilidade da juventude: o cérebro adolescente ainda está em desenvolvimento, o que favorece comportamentos impulsivos — e o apelo das apostas (ganhar rápido, emoção, risco) é forte.
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Ambiente digital + marketing agressivo: as plataformas de aposta se infiltram em jogos, redes sociais e esportes, tornando-se “normais” para muitos jovens. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) apontou que empresas de apostas entram nos games eletrônicos e atingem parcelas mais jovens.
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Impactos reais: há relatos de adolescentes com desgaste escolar, isolamento, alterações de comportamento, frustrações, risco de transtorno de jogo.
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Falta de educação crítica sobre o tema: muitos jovens não entendem que o “brincar” pode ter consequências sérias — e escolas ainda não estão totalmente preparadas para isso.
Então, sim: a realidade é urgente. E, como educador, podemos (e devemos) agir.
O papel dos educadores: estratégias práticas
Aqui vão ações que você pode implementar na escola, na sala de aula ou em rodas de conversa com adolescentes e pais:
1. Promover diálogo aberto
Crie espaços para falar sobre apostas, videogames, apps e riscos sem julgamento. Use exemplos concretos, permita perguntas, mostre que “apostar” não é só diversão — pode virar armadilha.
2. Inserir educação financeira e digital
Incorporar no currículo temas como “o que é aposta?”, “por que a ‘chance de ganhar’ é tão ilusória?”, “como o efeito imediato do ganhar/perder mexe com o cérebro?”. A educação financeira pode ajudar — como apontado por estudos — a desenvolver senso crítico.
3. Trabalhar o desenvolvimento de competências socioemocionais
Adolescentes que reconhecem suas emoções, sabem lidar com frustração e têm autoestima mais sólida tendem a resistir melhor à tentação de ganhos fáceis. Exercite juntos: “o que sinto quando perco?”, “como lido com o impulso de tentar de novo?”, “o que valorizo de verdade?”.
4. Envolver família e comunidade
Pais, responsáveis e comunidade escolar precisam estar alinhados. Palestras, encontros, envio de materiais informativos ajudam a sensibilizar quem está fora da sala de aula. O alerta trazido pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul é claro: “Infância em risco: introdução precoce ao universo das apostas…”
5. Monitorar sinais de alerta
Esteja atento a indícios como: queda de rendimento escolar, isolamento, mudanças repentinas de humor, esforço excessivo para “recuperar perdas”, ou gasto de tempo excessivo em apps/jogos com apostas embutidas. Intervir cedo faz diferença.
6. Criar alternativas de engajamento saudável
Ofereça projetos, clubes, oficinas — esportes, artes, empreendedorismo, fintechs juvenis. O objetivo é ocupar tempo, dar significado e fortalecer laços que reduzam o apelo da aposta como “escape” ou “emoção rápida”.
Por que isso faz sentido pedagogicamente?
Porque educar não é só transmitir conteúdo: é formar cidadãos críticos, responsáveis, preparados para as armadilhas da sociedade digital. Quando o adolescente entende que uma aposta não é “dinheiro fácil”, que o jogo pode virar dependência, que ele tem escolhas — aí está a semente da prevenção. E o educador tem papel central nessa construção.
Além disso, essas ações reverberam em plano maior: promoção da saúde mental, manutenção da participação escolar, prevenção de vulnerabilidades financeiras e sociais. Estar atento às apostas digitais é estar atento à vida integral do aluno.
Perguntas Frequentes sobre vicio em apostas esportivas(FAQ)
1. Por que adolescentes fazem apostas se sabem que arriscam dinheiro?
Porque há apelo emocional forte: promessa de ganho rápido, sensação de “estar no controle”, influência dos pares e do ambiente digital. O cérebro ainda está em formação, a impulsividade domina mais. Estudos confirmam que jovens têm vulnerabilidade maior.
2. A aposta online é diferente de videogame ou “brincadeira”?
Sim. Mesmo que pareça “inofensivo”, quando há dinheiro envolvido e possibilidade de perda e ganho, o mecanismo de recompensa do cérebro dispara — e a dependência pode aparecer. O ambiente online favorece a repetição rápida e o anonimato.
3. Que sinais devem acender a luz de alerta para educadores e pais?
Queda no desempenho escolar; evitar conversar sobre o que faz online; esconder apps ou transações; se tornar mais irritado ou ansioso; gastar tempo em apostas em vez de estudos ou lazer saudável.
4. Como abordar o tema com alunos sem assustar ou moralizar demais?
Use linguagem simples, mostre exemplos reais, convide à reflexão em vez de impor regra. Pergunte: “Você já viu alguém apostando no celular? O que acha que acontece depois de perder várias vezes?” Isso abre o diálogo e fortalece o pensamento crítico.
5. Existe regulação ou política pública para proteger adolescentes desse risco no Brasil?
Sim, alguns mecanismos estão em debate ou já implementados, mas ainda há lacunas. A CPI das Apostas identificou que muitas plataformas não fazem verificação de idade eficaz. Educação, regulação, saúde pública precisam caminhar juntos.
Considerações finais
Não dá pra fingir que o problema não existe. As apostas online entre adolescentes estão aí — e o ambiente escolar, os educadores, as famílias, todos formam a linha de frente para agir. A boa notícia? Com diálogo, educação, apoio e vigilância, é possível mudar o rumo. Vamos juntos transformar risco em oportunidade de aprendizagem — para que cada aluno possa crescer forte, consciente e livre para escolher o seu caminho.
Referências – Serviços e Informações do Brasil+1